Tudo o mais me parece tão pequeno. Essa tragédia aérea tem redimencionado um horror de coisas na minha cabeça. Preciso parar de buscar informações sobre isso. Só não consigo.
A cada dia que passa somos alertados sobre a transitoriedade da vida. Estamos aqui agora e é só isso que podemos garantir. Nunca fui muito de planejar nada, costumo dizer que vivo o hoje e nele eu invisto. E hoje, mais do que nunca, preciso me conscientizar também a não adiar nada. Não deixar para 'o' depois; ele não é uma certeza. Isso é louco.
Aliás, aproveito para comentar algo também muito louco - pelo menos pra mim: esses perfis no Orkut. Eles ficarão lá, não é mesmo? Pelo menos para as vítimas que não compartilharam suas senhas com alguém. Imaginemos, então, familiares e amigos tendo que lidar com esse perfil inalterado, dando uma idéia de que o 'querido' ainda está entre eles. Mantendo a mémoria mais que viva de mínimos detalhes. Daquilo que as próprias vítimas desejavam mostrar sobre elas.
Em toda sociedade há maneiras de lidar com os mortos. E para nós, mesmo culturalmente ajustados no lidar com a perda, é sempre um processo doído. Penso, então, nessa sociedade virtual, como o Orkut, da qual nós, brasileiros, parecemos estar tão habituados. Como uma característica da rede é nos permitir 'ter' tudo mais próximos de nós, será preciso encontrar maneiras de lidar também com essa proximidade da dor.